24 março, 2006

VIII

"Embora teu coração não conheça o sabor da perfídia, é com esplendor que ostento minha augusta ternura por ti e, impávido, proteger-te-ei de quaisquer vilezas."



por Augusto C. Alencar

19 março, 2006

VII - E o Vento? (Parte II de III)

O ar condicionado havia pifado, não deu conta daquele inferno. No farol adiante, a bifurcação de duas avenidas principais. Cada vez que o farol fechava para nós, eram cinqüenta carros que se colocavam em nossa frente. O matemático já avisava “cada cinqüenta carros que entram em nossa frente, representam cerca de quinze minutos de atraso, visando que estamos a uns três quilômetros e que o farol fecha a cada sessenta metros andados...”.

Silêncio, desanimador a informação inteligente do nosso amigo. Todos já beiravam os cúmulos de seus nervos. Cada poltrona se tornava cada vez mais apertada. A gravata já não significava mais nenhum tipo de ética. O bebê vermelho dormia por não ter mais forças pra suportar aquilo e chorar, ninguém sabia mais se era melhor mantê-lo enrolado ou descoberto, até que aconteceu!

A colisão fez com que todos entrassem em desentendimento. A culpa é do motorista que não parava de buzinar e xingar pela janela, a culpa era também daquela gorda que não para de reclamar, a culpa era dos empresários que ficavam falando alto no celular achando que aquilo era a bolsa de valores, a culpa foi do maldito motorista daquele veículo que tentou ultrapassar o sinal amarelo, a culpa era do matemático que agora calculava o estrago que teria uma maçã se estivesse entre o as duas máquinas colididas.

VII - E o Vento? - Parte I
VII - E o Vento? - Parte III

18 março, 2006

VI - E o Vento? (Parte I de III)

Preso dentro daquele cubículo móvel que no momento se encontrava obrigatoriamente parado em meio a um trânsito infernal, ainda mais infernal era o calor que aquela van carregava junto dos passageiros. Não sei o que é pior, estar preso e saber da condição dessa ação ou estar preso, ter a liberdade de sair pra onde quiser e por dúvidas sobre o que o futuro nos guarda, ter como livre escolha, a condição de se manter preso.

Derretíamos, todos derretíamos. Os empresários, os idosos, as crianças de colo, cobrador e até a margarina que a dona de casa havia comprado para o bolo de aniversário do filho.

Os murmúrios das pessoas conversando era constante e cada um ao seu estilo, era business, técnicas culinárias, remédios e doenças, mas o que realmente fazia com que todos concordassem em massa numa idéia só era: “Jesus Cristo, que calor!”.

VII - E o Vento? - Parte II
VII - E o Vento? - Parte III

16 março, 2006

V - Sobre o Orkut

322 amigos?
17 amigos?
1.145 amigos?

Quantos mais?

"Essas pessoas continuam sendo as mesmas ausentes que já foram um dia, antes de eu reencontrá-las".

15 março, 2006

IV - Andarilho

A pé, chutando pedras ao longo do que me resta do caminho, devaneando com uma vida perfeita, sem dor, sem tristeza enquanto outros sofrem e lutam numa estrada longa, dando voltas ao mundo. Voltas longas, tão longas que as solas de pés já reconhecem o chão quente e o chão quente ferve a cada passo dado.

E eu? Eu, enquanto não chego no que me resta desse caminho, desobedeço aos sinais vermelhos e causo a catástrofe.

Cesso agora aquilo que então já estava ao fim: o caminho árduo, ainda lamentado por uma vida, vida que já lhe dava tudo que precisava, que já estava planejada pra ser feliz.

14 março, 2006

III - Anjos

Quando onde um simples dia pôde se tornar um sonho realizado diante de anjos pasmos observando como tal feitio pôde ser concedido.

Pormenores, esses ainda pasmos, num impulso brado, põem-se a sobrevoar os cantos e os meios em busca de algo fundamental para explicar a tamanha felicidade de um ser mortal.

Nada respondia com tanta veracidade do que a insatisfação da dúvida e o consolo que carregavam, e assim, repousaram mais uma vez para observarem o quão inocente um sorriso podia soar e um tombo podia alegrar.

Ainda que distraídos, uma voz vinda de algum além, mas bastante conhecidas por eles, impôs um desafio:

“Já observaram e não entenderam como tal pôde ser realizado? Buscar a resposta através da observação é muito conveniente, mas é impraticável. Sendo assim, lhes proponho: Não deixe que o dia desse mortal acabe”.

Os anjos, sem questões e ainda assustados com a voz. Não esboçaram nenhuma reação a não ser aceitar o desafio com o positivo de suas cabeças.

Falharam!

09 março, 2006

II - Do Concreto ao Abstrato

Das idéias vem as realizações, das grandes realizações as imagens marcantes e de todas as grandes marcas, um rabisco, um esboço, um...


...rascunho.

I - O Primeiro

Assim será! O recomeço com a novidade de algo que parece ter sido visto antes em algum lugar...

"Vivi tudo que minha vida pôde oferecer.
Mentira!
Uma parte dela - uma boa parte - se perdeu dentre fumaças e devaneios que nunca
poderão ser descritas... sequer rascunhadas."