11 abril, 2008

XXXV - Mais ou Menos Ali

Mais ou menos ali, onde o vento soprava o calor do sol forte e trazia o frescor do anoitecer, perante a cheia das marés e o clarear do luar, mais ou menos ali, talvez quinze graus a leste ou sete graus a noroeste, estive eu sentado sobre aquelas pedras. Hoje, aqui, mais ou menos a uns três metros de onde o homem da grua que levantara as pedras onde eu estive ontem; observei pela última vez o pôr do sol. Aquele mesmo sol que fora levado pela brisa e que trazia a clarear do luar nas noites frescas diante das marés cheias daquele lugar. E ali, mais ou menos ali, decidi que voltaria alguns meses depois para ver o que o edifício que será construído exatamente ali, vai esconder. Aposto que em poucos anos outros estarão mais ou menos a uns cinqüenta metros de altura, na beirada de uma janela observando o que a tal brisa traz e leva, e verão também o sol se pôr e nascer, todos os dias, até que, mais ou menos dali alguns bons anos, nem lembrarão o que é sol, nem luar, sequer a brisa, que será quebrada pelo alicerce rígido do edifício. Será exatamente ali que vai acabar, bem ali, onde bem ou mal, eu pude apreciar um pouco do que restou daquela linda paisagem.