18 dezembro, 2015

LXXXIV - .psychodeliquè.

...e enquanto eles permaneciam fechados, os gráficos coloridos dos equalizadores que a mente criava variavam entre graves e agudos, pulando de lilás pra azul num degradê que traziam tons de roxos e rosas.

...e enquanto tímpanos reverberavam as batidas dos remixes repletos de efeitos metalizados e as alternâncias de pitch, massageava automaticamente a alma num ritmo que só o groove daquela batida podia prover.

...e enquanto os músculos do rosto esboçavam os orgasmos dos ruídos capturados pelos aparelhos auditivos, os pulsos dos dedos digitavam as ondas sonoras por sobre as pernas seguidos de marcações refletidas nas pontas dos pés que ecoavam no chão.

...e enquanto tudo soava, palavras se materializavam e se empunham na ponta da língua pra serem ditas, mas por alguma razão, ficavam ali, presas por entre os dentes, mesmo que os lábios estivessem entreabertos.

11 setembro, 2015

LXXXIII - Oi! Que Bom Te Ver Aqui...

Mas não fique muito perto e nem fale nada.

Qualquer assunto que fluir entre nós, assim como sempre acontece, vai me fazer derreter novamente.

Não quero derreter de novo, pois demoro a me recompor.

A não ser que você me dê um beijo agora, ingrediente primordial pra me dar consistências suficientes pra enrijecer nossos laços e dar base a qualquer assunto, ação ou situação que vier a calhar.

Agora é assim, só aceito sob essa condição. Me beije pra que eu não desmorone e me torne atônito.

Me beije e terei força pra dar fluidez a tudo que nos envolver e assim, poderás permanecer ao meu lado, mais próxima que quiser, sem que eu derreta e suma nas pequenas entranhas da minh'alma.

29 agosto, 2015

LXXXII - Hold On

Foi ontem que tudo aconteceu.
De novo.
Queria dizer-lhe que estou morrendo de saudade. Devo me conter? Acalmar o coração?
'Sim.' - diz a razão.
Um perfume, um momento, uma imagem. Me perco em devaneios.
'Mas não é hora' - palpita de novo a razão.
Um coração curioso se revolta: 'E quando é hora?'
Esse músculo bombeia mais sangue e trabalha mais duro quando eu vivo um momento assim.
Confusa, a massa pensante silencia.
E então vem o suspiro pra apaziguar - 'Calma. Mais um convite e verás.'
'Será?' - me pergunto.
'Não importa, estarás lá perto. Pra quê se exaltar?'
Coração perdido, ansioso. Puto.
Cérebro teimoso, culto. Burro.
Suspiro que suspira. Suspira a ponto de faltar ar de tão profundo. E o que fazer?
De leve, uma tristeza. Sem razão. Razão? Tristeza? Coração? Suspiro que me remete a respirar. Respirar e ocupar a mente com algo qualquer.
Água e Óleo: não se misturam. Meu eu ocupado; meio ocupado com qualquer coisa...
... mas, escondido, pensando em você.