27 maio, 2007

XXXII - Brincadeira

E o que é que faz ser tão especial?
Nem o momento, nem o amor. O sabor do beijo é ainda melhor quando bem temperado. E de onde vem esse tempero? Ah! Esse tempero é fruto de algo que pouco se dá importância e começa das mãos. É das mãos que nasce o abraço, aquele que nos mantém bem próximos como que se uma corrente nos envolvesse, mas sem sufocar. É ela que é capaz de soltar a corrente sem nos deixar distante e nos envolve em outra dimensão com as brincadeiras: um carinho, um aperto sem maldade, um afago, um tapa sem dor. E nessa hora a brincadeira das mãos chama outros elementos, os lábios, que com um beijo de desculpa esfarrapada vem só pra chamar o belisco, o nariz, pra sentir seu perfume e novamente da boca, vem aquela ofensa sem nexo ainda mais quando os dois sabem que nossos perfumes juntos são os melhores de todo o universo. E o ouvido, sempre receptivo, leva as notícias e as palavras de forma descontraída e geram mais diversões para as mãos, as bocas e os narizes. E nem um nem o outro são heróis sozinhos, todos juntos acumulam pontos e vão se somando e de forma gritante, fazendo com que aquele beijo se torne tão esperado como se fosse o primeiro, ou o último e ainda deixa ao gostinho de "volto logo" e assim, coloca esses protagonistas para brincarem mais e mais. E brincam sem parar, brincam sem parar, sem parar, parar.

14 maio, 2007

XXXI - Um Longo Breve Passo

E lá se foram cinco meses desde a última palavra colocada aqui. Desde aquele dia nada de criativo me vem à cabeça. Nada que me soe interessante ou que me acresça ou decresça em algo. É completamente inútil tentar entender de onde vem tanta falta de inspiração, mas o fato é que é isso e pronto. O vago, o sem razão, o sem palavras. É assim que vivo ultimamente. Mas não que seja desanimador, não é o caso. Aliás, desanimar é uma coisa que não me lembro como se faz há pelo menos dois anos.

Meu corpo, minha alma e, por sua vez, minha cabeça tem tempo apenas para o ego ou a que se denomina vida real, mas que de real nem tem tanto assim. Digamos que o tempo que me restava foi tomado por completo por algo que não sei o que é. Passei um tempo organizando tudo para ver se eu descobriria por fim o que é que me toma tanto tempo assim e ao terminar, percebi que havia me atrasada muito com meus a fazeres, e logo, tive que correr contra o tempo para acertar as coisas.

Mas não me esqueci deste espaço. É um espaço simples, sem sofás ou sequer almofadões, mas que me traz conforto quando passo por ele.

Enfim, por hora me resta um suspiro. Fecho agora a porta e guardo bem as chaves. Mais hora, menos hora passarei aqui de novo. Por momento estou satisfeito e mesmo que não tivesse, não posso perder tempo ou perder o tempo; antes que ele se perca de mim.