29 agosto, 2010

L - Pequenos Frasco, Melhores Perfumes

Nunca tivera recurso financeiro pra ter o que queria. Tinha o essencial e só. Ia para a escola a pé, todos os dias, exceto quando chovia. Mãe nenhuma gosta de ver seu filho doente, ainda mais quando o dinheiro não banca sua hospedagem em casa pra ficar cuidando da febre alheia. Já mocinha, não reparava mais como a escola era longe, o costume e a rotina fizeram-na criar um hábito saudável de caminhar.

Ah, já ia esquecendo. A menina era assim, desajeitada, bagunçada do equilíbrio. Em todos estes anos, nunca a vi completar uma rota para escola sem derrubar uma caneta, um lápis ou por muitas vezes, o kit-escola todo.

Um dia, sem esperar, ganhou da mãe sua primeira mochila. Não era seu décimo oitavo aniversário ainda e o décimo quinto já havia passado havia dois anos, mas naquele dia, comemorou quieta com um sorriso e um brilho de quem realmente estava contente com o presente.

E presente, não estava o pai, era passado há anos. E passado anos, não sentia mais falta. Mas naquele dia da mochila, ela lembrou dele. Não importa, já era tarde e o melhor foi ir dormir.

No outro dia de manhã, acordou cedo como de costume, arrumou-se para a escola, colocou orgulhosa sua mochila na costas, reparou-se bem no espelho como há muito não o fazia, acertou a altura das alças, pegou seu material e saiu.

Estava tão contente com aquela mochila que no seu habitual caminho para a escola, saltitando de uma felicidade que não lhe cabia dentro do corpo, deixou para trás, apenas as pegadas que sumiam gradualmente conforme se distanciava.

Por fim, houveram três fins. Não pretendo contar nenhum, fechem seu olhos e façam o fim que lhes convierem.

21 agosto, 2010

XLIX - Sem Criatividade

Ando sem criativadade. Não, não tenho mais a mesma criatividade de antes. Imaginar e jogar com as palavras se tornaram um desafio do qual as barreiras são bem maiores que eu. Maior que os arrnha-céus, maior que o rodoanel. Tão grande que as nuvens olham para cima pra poderem ver. Veem as estrelas que vem de anos-luz de distancia e quando chega, se deparam com essa barreira. Barreira essa que já passou pela velocidade do som e da luz, das pegadas do homem na lua, de todo o lixo e sondas espaciais.

18 agosto, 2010

XLVIII - Os Que Não Marcam

Há os que marcam. Marcam por uma série de motivos. Há quem marque pelo sorriso, há quem marque pela dignidade. Há quem marque pelo mau caráter e pelo bom também. Há quem marque pela imperfeição e há quem marque até por algo sem motivo.

Mas há os que não marcam. Há aqueles que simplesmente fazem parte de nós. Parte essa que se sair, será como uma tatuagem apagada, uma cicatriz omitida, um membro arrancado.

Até não me importo que me tirem aqueles que me marcam, mas não me tirem aqueles que fazem parte de mim. Sejam eles bons ou ruins.

10 agosto, 2010

XLVII - O Tempo

Passa o tempo, passa o mundo, passa os astros e as estrelas, passa o passo, posso tudo mas não há tempo pra nada. Tenho tempo de sobra pra não fazer nada e tenho tempo em falta pra fazer o resto. O mundo gira, o tempo passa, o sol brilha e o tempo passa, planetas se cruzam e tempo não pára, os signos se combinam até que o tempo pára e quando pára, pro corpo é o fim!

E pra quem fica?

Passa o tempo, passa o mundo, passa os astros e as estrelas, passa o passo, posso tudo mas não tenho tempo pra nada...

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(12 minutos por esse BrainStorm)
Brincadeira prposta pelo Blog Gambiarra Literária