Eram quatro e trinta da manhã, assim como foram todos os dias durante toda a minha jornada de trabalho. Nunca se sabia se ia fazer frio ou calor lá fora, exceto pela minha mãe. O galo do tempo desafiava adivinhas mudando de cor todos os dias e o dia inteiro, mas minha mãe acertava mais que ele, e ela nem mudava de cor.
Nesse dia eu saí de blusa de lã e cachecol. Tinha uma touca e um par de luvas também e enquanto caminhava, brincava de cigarro com a fumaça quente que saía da minha boca. Como de rotina, depois que a fumaça pára de sair, começo a observar tantos outros “Eu” saindo de suas tocas e seguindo pela mesma direção que eu.
Alguns saíam mais cedo, outros mais tarde, alguns por sua vez voltavam por ter esquecido algo e outros tropeçavam nas calçadas irregulares, mas eu me continha nos risos, afinal, atrás de mim mais “Eu” vinham observando, talvez, as mesmas paisagens.
Naquele dia fez calor, e eu quase derreti, como tantos outros.
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