07 maio, 2006

XV - Florestas

De uns tempos pra cá, todas as noites eu me debruço na janela lá de cima e coloco-me a medir a floresta com uma régua de vinte centímetros. Pretendia descobrir o tamanho real dela. Não deve ser tão grande assim. Vou atravessá-la e alcançar os prédios e aquele monte de luz artificial que havia lá do outro lado da floresta. Às vezes me sinto como uma mariposa que vai de encontro à luz sem objetivo, sem destino, talvez porque não tenha ou porque não consegue achá-los.

Outro dia, em cima da caixa d´água da cidade, descobri que a casa do Seu Bento tem o mesmo tamanho que a floresta que eu media todas as noites. Três centímetros. Chegou a tão esperada hora. Com mais alguns cálculos iria conseguir saber exatamente quanto media aquela floresta. Eu só precisava visitar o velho Bento.

Mas quem é que tem coragem de visitar aquele velho?
Daqui de cima ele só tem meio centímetro.

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