24 agosto, 2015

LXIV - Depois do Blues

Já era mais de 2 da manhã. O Blues já havia terminado e as cervejas devidamente bebidas. Ainda na tontura do álcool e na adrenalina do Blues coloquei-me a caminho de casa.

Perdido em devaneios particulares, a fome me fez procurar por algum lugar. Queria pizza! Lembrava-me de um lugar que costumava ter uma ótima pizza e, mesmo um pouco fora da minha rota, saí em busca dessa delícia.

No ritmo do blues balançavam os semáforos entre suas cores, que por algumas vezes eram ignorados por mim. Na adrenalina do risco de morte ou de vida.

Chegando ao local, só eu acreditara que a padaria com aquela pizza estaria aberta naquele horário. Doce ilusão, agora, além de fome, a decepção e o sono também me rondava.

Aqueles três elementos misturados me trouxeram a depressão que só um blues poderia entender. Não havia solidão ou amor capaz que interpretar esse momento, e, mergulhado no meu sóbrio, fiz aquilo que todo blues faz de melhor: o improviso de um coração solitário.

Acendi o motor do meu carro, como se fosse uma chama de esperança que, atravessando a dança dos semáforos, me conduzira até a janela de alguém que eu já amara. Parei por ali e fiquei observando por uma eternidade, até que fui interrompido por algum vizinho de sono leve.

Toquei- me para casa, em busca de outro blues e outro improviso. E no caminho, cantei algo que a mistura dos desejos que eu tinha, fizeram minha mente criar:

Se toda eternidade fosse curta assim, eternamente ficaria aqui, a observar qualquer coisa que não pudesse ver, improvisando em memória o que ensaiado deveria ser.

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