27 maio, 2007

XXXII - Brincadeira

E o que é que faz ser tão especial?
Nem o momento, nem o amor. O sabor do beijo é ainda melhor quando bem temperado. E de onde vem esse tempero? Ah! Esse tempero é fruto de algo que pouco se dá importância e começa das mãos. É das mãos que nasce o abraço, aquele que nos mantém bem próximos como que se uma corrente nos envolvesse, mas sem sufocar. É ela que é capaz de soltar a corrente sem nos deixar distante e nos envolve em outra dimensão com as brincadeiras: um carinho, um aperto sem maldade, um afago, um tapa sem dor. E nessa hora a brincadeira das mãos chama outros elementos, os lábios, que com um beijo de desculpa esfarrapada vem só pra chamar o belisco, o nariz, pra sentir seu perfume e novamente da boca, vem aquela ofensa sem nexo ainda mais quando os dois sabem que nossos perfumes juntos são os melhores de todo o universo. E o ouvido, sempre receptivo, leva as notícias e as palavras de forma descontraída e geram mais diversões para as mãos, as bocas e os narizes. E nem um nem o outro são heróis sozinhos, todos juntos acumulam pontos e vão se somando e de forma gritante, fazendo com que aquele beijo se torne tão esperado como se fosse o primeiro, ou o último e ainda deixa ao gostinho de "volto logo" e assim, coloca esses protagonistas para brincarem mais e mais. E brincam sem parar, brincam sem parar, sem parar, parar.

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